bob fischer grande campeão de xadrês
Não sei por quê, hoje pensei no mar
por mais que esteja dele tão distante,
mas mesmo assim lhes digo, não obstante,
que claramente ouvi seu murmurar...
Lembrei praias, o sol exuberante,
estórias com o pélago a lembrar,
e Pessoa, mandando navegar,
e naveguei, a mente foi adiante...
Um belo e inesperado devaneio,
que acabou de repente, como veio,
isso tudo não mais ora se vê...
Não importa, esse sonho está sonhado
e, creio, muita vez terei lembrado
que hoje pensei no mar, não sei por quê...
18/01
Foi-se da vida Fisher, o campeão
de xadrez que assombrou o mundo inteiro
e soube apavorar, no tabuleiro,
vários soviéticos que teve à mão...
Excêntrico, irascível, arruaceiro
(ou quase tanto), pôs em perdição
o título, o prestígio, o coração
e a certeza de ser ele o primeiro...
O primeiro de todos, o mais forte...
Será verdade?... E Kasparov?... E os mais
que brilharam também nesse proscênio?...
Essas perguntas, com a sua morte,
se enterram junto – e indago se há rivais
que hoje, como eu, pranteiam esse gênio...
19/01
Voltando a Fisher, lembro o que ele fez
para chegar ao título no afã
com Larsen, Taimanov e Petrosian,
antes de Spassky ter a hora e a vez...
Perguntava-se então se no amanhã
haveria algum outro do xadrez
capaz de força assim, desse jaez,
demonstrar, com denodo e com elã...
Esse alguém, se houve algum, foi Kasparov,
porém jamais se deu prova dos nove
entre os dois, para ver qual o mais forte...
Se essa disputa houvesse acontecido
num tempo que se foi, teria sido
a maior das batalhas desse esporte!...
20/01
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Há bom tempo suposta erradicada,
volta a febre amarela a infermizar
o brasileiro, e a vários a matar,
deixando a sociedade apavorada...
Obra de uma gestão despreparada,
com cúmplices que ocupam o lugar
das gentes competentes, vai ficar
mais essa nódoa a ser sempre lembrada...
E, por causa do fim daquele imposto
provisório que se queria eterno,
o governo prevê de verbas cortes
na Saúde, anedota de mau gosto
que dos humildes vai piorar o inferno,
com sofrimento a mais e com mais mortes...
20/01
Mais fiel ao justo do que ao seu partido,
Hélio Bicudo lembra o assassinato
em que o governo fez por não ter sido
investigado seriamente o fato...
Quer-se que não se saiba qual bandido
matou Celso Daniel, qual aparato
criminoso esse crime há cometido,
todo esse horror se quer deixar barato...
Tornaram-se exilados os parentes,
para escapar de ameaças contra a vida
ao investigações querer decentes...
Este crime à nação é um grave insulto
– sem justiça, da vítima sofrida
o dedo em riste ficará insepulto...
21/01
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